Combatendo preconceitos e estereótipos com conhecimento

Curso de vieses inconscientes está disponível para todos(as) na plataforma ELO.

Você acorda pela manhã, coloca um pé no chão e depois o outro. Em seguida, caminha até o banheiro e escova os dentes. Com pequenas variações, essa poderia ser a descrição da rotina de boa parte das pessoas. Enfim, o que importa aqui é que fazemos essas pequenas coisas, e tantas outras, de forma automática, sem que tenhamos de pensar muito sobre elas.

Cesar Pedro, da área de Diversidade e Inclusão (arquivo).

Esse é o exemplo que Cesar Pedro, da área de Diversidade e Inclusão, oferece para concretizar como funcionam as nossas decisões diárias, realizadas de forma inconsciente. Assim como nos acostumamos a desempenhar tarefas sem refletir, de tanto observar e ouvir coisas ao nosso redor, criamos também percepções automáticas sobre determinados temas ou pessoas, com suposições, julgamentos e atitudes. 

Um viés é uma forma tendenciosa e distorcida de pensar, e que pode ser considerada, muitas vezes, injusta devido ao tratamento desigual que damos a alguns grupos ou pessoas. Os vieses inconscientes nada mais são do que estereótipos que acabam se formando sem que possamos perceber.

“É muito comum que, dentro da nossa bolha, usemos determinadas lentes que nos levam a pressupor o comportamento de um determinado grupo. Assim, vamos automatizando o nosso cérebro com base em estereótipos que observamos em filmes, novelas, noticiários, nas nossas rodas de conversa. A partir daí, todas as nossas decisões entram em piloto automático com base nestas referências (sejam elas de gênero, raça, origem, características físicas, orientação afetiva e sexual)”, exemplifica Cesar.

Aliado a isso, temos as questões estruturais da sociedade que, durante muito tempo, foram criando barreiras tangíveis e intangíveis para determinados grupos sociais.

Cesar reforça: “Se a minha única referência de uma pessoa bem-sucedida em negócios atende a um determinado perfil – geralmente associado a um homem branco, cisgênero, heterossexual, sem deficiência (porque isso é reforçado em filmes, noticiários, revistas, organizações), dificilmente meu cérebro conseguirá imaginar, sem julgamentos, uma possibilidade diferente destas características. Não que este perfil não possa também ser lembrado e citado, mas não pode ser o único diante da pluralidade que temos em nossa sociedade. É por isso que representatividade importa, seja para possibilitar oportunidades para pessoas diversas, seja para criar outras referências e inspirações para as atuais e futuras gerações.”

Preconceitos, estereótipos e crenças culturais

É exatamente este tipo de pensamento automático que o curso de vieses inconscientes, disponível para todos(as) os(as) colaboradores(as) na plataforma ELO, pretende desvendar e combater. 

Os vieses se baseiam em preconceitos, estereótipos e crenças culturais. Eles formam barreiras invisíveis, mas poderosas, que dificultam o avanço da pauta de diversidade dentro das empresas e da sociedade como um todo.  

“É por isso que para algumas pessoas é difícil imaginar uma mulher CEO, já que comparado ao número de homens, são poucas desempenhando este papel e com quase nenhuma visibilidade para boa parte da população. O mesmo acontece para cargos ou profissões que são desempenhadas, em sua maioria, por um determinado grupo. Por exemplo, homens ocupando profissões historicamente femininas ou mulheres ocupando profissões historicamente masculinas, e tendo ambos que superar todo tipo de preconceito, ofensa e discriminação. Isso sem contar os demais grupos, como pessoas LGBTQIA+, pessoas negras, ou pessoas com deficiência”, explica Cesar.

O infalível teste do pescoço

Para comprovar o que estamos dizendo, Cesar propõe um exercício simples, chamado de “teste do pescoço”. “Olhe ao redor e pense com quantas pessoas com deficiência você convive ou conviveu na faculdade? Você teve professores(as) com estas características? Quando você vai ao restaurante, quantas pessoas negras estão se servindo e não servindo outras pessoas? Conseguimos fazer esse exercício de forma corriqueira, com diferentes perfis, no teatro, no shopping ou mesmo nas novelas”, reforça ele.

"Seja a mudança que você quer ver no mundo". Essa frase de Ghandi nos inspira e pode ser um impulsionador dos comportamentos e atitudes que queremos mudar. Se todos(as) fizerem isso, nos tornaremos uma comunidade mais inclusiva e diversa
Cesar Pedro

Um cenário semelhante acontece nos escritórios, sejam reais ou ficcionais. Identificamos um grande número de pessoas trans trabalhando nas organizações? Provavelmente não, pois sabemos que apenas 4% das pessoas trans participam do mercado formal de trabalho. Ou seja, estereótipos reforçam a realidade, e vice-versa.

Resetando nossos HDs

O curso sobre vieses inconscientes pode ser visto como o primeiro passo para começar a falar de diversidade. Disponibilizado desde 2021, ele é obrigatório para as pessoas que entram nos grupos de afinidade do JUNTOS (Programa de Diversidade e Inclusão), mas a Porto incentiva que todos e todas o façam.

Para Cesar, um dos pontos mais importantes é demonstrar que, a partir do momento em que percebemos que nosso cérebro funciona desta maneira, é possível reconhecer que todos(as) carregam preconceitos e vieses. Esse é o primeiro passo para ficarmos mais vigilantes e mudarmos nossos comportamentos, deixando de tomar decisões ou julgamentos de forma automática. Toda pessoa é única, potente e capaz, independentemente de seu marcador identitário. Por este motivo, devemos estar atentos(as) para não ficarmos reféns de nossos vieses.

“Sabendo disso, aumenta a possibilidade de evitar qualquer tipo de discriminação e torna-se evidente que expressões discriminatórias precisam ser tiradas de vocabulário. É preciso se atualizar”, reforça Cesar. 

Adriana Simões, líder do Jurídico, Riscos e Compliance (arquivo).

Adriana Simões, líder do Jurídico, Riscos e Compliance, resolveu fazer o curso de vieses inconscientes por curiosidade sobre o assunto e também pela oportunidade de aprimorar seus conhecimentos sobre o tema. “Entendo que tenho uma responsabilidade como ser humano de mergulhar no tema com o objetivo de me tornar cada vez mais conhecedora e também disseminar as informações com mais embasamento”, coloca.

Os exemplos apresentados pelo curso demonstram que quando nos deparamos com os vieses e aprendemos a lidar com eles, nos tornamos seres humanos melhores
Adriana Simões
Todos nós temos vieses e preconceitos, mas precisamos conhecê-los. O programa de diversidade existe para que a gente possa mudar isso e incluir de verdade. Não basta trazer a diversidade para a empresa, mas possibilitar que essas pessoas sejam respeitadas pelo que são e possam ter a oportunidade de alcançar outros espaços
Cesar Pedro

E como o conhecimento é algo que nunca se perde, o curso de vieses contribui de forma substancial, tanto para a evolução pessoal como para a trajetória profissional. “A partir do momento em que você se conhece, começa a estabelecer relações melhores com as pessoas, independentemente da Porto, pois não nos desassociamos o que somos na empresa do que somos na sociedade”, finaliza Cesar.

Conheça as diferentes armadilhas que nosso cérebro pode nos preparar.

Viés de afinidade é uma predisposição para avaliar melhor e se relacionar com pessoas que tenham o mesmo gosto, histórias e traços físicos parecidos com os nossos.

Viés de percepção é o reforço de estereótipos sem base concreta em fatos, ou seja, o que é apenas uma percepção torna-se uma generalização da imagem de grupo. 

Viés confirmatório é a procura por informações ou atitudes que confirmam nossas hipóteses sobre determinada pessoa ou grupo, ignorando estrategicamente outras informações que podem colocar em xeque essas crenças.

Quer saber mais? Então corre para fazer o curso de vieses inconscientes na plataforma ELO!

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