Anarriê! O Nosso Porto traz a festa junina pra dentro de casa, sô!

Viajamos pelo Brasil para mostrar as tradições juninas em cada canto do País.

Tão tradicional no Brasil quanto o carnaval, as festas juninas tomam conta dos municípios de Norte a Sul do País, pintando o céu de bandeirinhas coloridas e perfumando o ar com o cheiro dos quitutes típicos, feitos sobretudo de milho (saiba mais sobre esse astro das mesas juninas na editoria Café com Cultura). 

Dependendo da região, a quadrilha rola ao som do sertanejo tradicional, das modas de viola de raiz, do forró ou do vanerão. O que não muda é a animação, as brincadeiras e a vontade de celebrar. 

Desde 2020, as festas juninas, assim como as demais aglomerações, estão suspensas por conta da pandemia de Covid-19. Mas o Nosso Porto não aguentou esperar, e resolveu levar você numa viagem pelas tradições juninas de todos os cantos do país. Enquanto não podemos nos reunir em volta das fogueiras, vale improvisar uma festa caseira, com direito a playlists e delícias de Norte a Sul. 

Clique no mapa abaixo e descubra as características juninas de cada região do Brasil. 

Sul: No ritmo do vanerão

Tony Aquino, gerente comercial (arquivo pessoal).

Tony Aquino, gerente comercial da Porto, vive atualmente em Passo Fundo, RS, quase na divisa com Santa Catarina. Mas sua lembrança de festas juninas remete ao período em que morava em Santana do Livramento, extremo sul do Brasil, na fronteira com o Uruguai. 

“Nas festas gaúchas há muitas brincadeiras, pescaria, barraca do beijo, casamento caipira. As pessoas se caracterizam com chapéu de palha, roupas remendadas e coloridas. As meninas fazem tranças no cabelo, e os rapazes pintam barba e bigode”, diverte-se.  

Entre os quitutes, o tradicional churrasquinho e muitas iguarias feitas com o milho, ingrediente que aparece nas festas de todas as regiões do país. A bebida oficial é o quentão, preparado com vinho e especiarias. E para animar a quadrilha, muito xote e vanerão. “Para dançar, prevalece a música gaúcha”, conta Tony. 

Ouça aqui uma playlist com o melhor do vanerão, ou bailão gaúcho, e aqui uma receita incrível de bolo de milho.

Olha a onça! Festa junina na região Centro-Oeste 

Claudia Moraes, consultora Ramos Elementares (arquivo pessoal).

O grupo de amigos de Claudia Moraes, consultora Ramos Elementares, moradora de Campo Grande (MS), organiza festas juninas há mais de vinte anos. E a coisa é levada a sério: tem fogueira, barraquinhas de comida típica e muita animação. Os quitutes mais pedidos são o arroz carreteiro com carne de charque (tradicional do Pantanal), milho cozido, curau, canjica, pamonha e arroz doce.

“Também não falta o caldo, feito com a carne de puchero e legumes variados. É um prato muito comum na nossa região, além dos caldos de mandioca e de feijão”, observa Claudia, para em seguida se lembrar de outra iguaria típica do Mato Grosso do Sul: a sopa paraguaia. “Na realidade não é uma sopa, mas uma torta salgada de milho com muito queijo e cebola, assada no forno”, completa.

A música sertaneja domina, com os hits que estiverem na crista da onda naquele momento. Nas fazendas da região do Pantanal ouve-se o sertanejo mais antigo, de raiz. Ela conta que não pode faltar a quadrilha, ao som da famosa “Pula a fogueira”, e as brincadeiras, como o casamento caipira. “Aqui tem muita cobra e onça, então é o que a gente anuncia na quadrilha”, ri Claudia. 

Quer conhecer as músicas que tocam numa legítima festa junina pantaneira? Então dá uma olhada nessa playlist.

E que tal fazer em casa a maravilhosa sopa paraguaia? A receita está aqui.

Sudeste: festa no interiorrrr 

As tradicionais festas juninas da região do Vale do Paraíba, interior de São Paulo, frequentemente são organizadas por paróquias e asilos, que aproveitam os eventos para arrecadar fundos. Elas mobilizam uma grande quantidade de voluntários para preparar os quitutes, cuidar das brincadeiras, fogueira e bingo, e ocupam os pátios e praças das cidades. 

Mas como vários outros segmentos, as festas juninas também tiveram de se reinventar. Nas cidades de São José dos Campos e Taubaté, a solução encontrada foi transformar a quermesse presencial em drive-thru. Desde o ano passado, é possível passar de carro e levar para casa combos juninos recheados com pastel, arroz doce, canjica, pamonha, maçã do amor, quentão, vinho quente, e o famoso e indispensável bolinho caipira, uma iguaria típica dessa região.

Guilherme, Augusto e Gustavo, os trigêmeos de Fernanda Rebelo, coordenadora de suporte comercial (arquivo pessoal).

Fernanda Rebelo, coordenadora de suporte comercial e grande apreciadora de festas juninas, explica que em São José dos Campos o bolinho caipira é feito com carne moída puxadinha no limão. “Já em Caçapava, o recheio é de linguiça”, explica. Mas o milho, grande estrela das mesas juninas, é o ingrediente principal da massa, frita em óleo fervendo. “Ele é molhadinho por dentro e crocante por fora”, delicia-se Fernanda. “As músicas são as tradicionais: Pula a fogueira, Capelinha de melão ou Festa de São João”, completa.

Essa playlist com o melhor da festa junina tradicional vai fazer sucesso nos arraiás caseiros.

Pare tudo o que você está fazendo e corra para a cozinha preparar essa receita aqui. Quem não conhece o bolinho caipira não vai mais viver sem.

Nordeste: o mundo maravilhoso das festas juninas!

Jorge Coelho, gerente comercial (arquivo pessoal).

Em alguns lugares do Nordeste, as festas de São João, como são chamadas, arrastam mais multidões que o carnaval. Ficou famosa a disputa acirrada entre as cidades de Caruaru (PE) e Campina Grande (PB) pelo título de maior forró do mundo. O ritmo reina soberano nas festas da região. “Mas em todo canto tem festa. Em Recife, por exemplo, são organizadas pela prefeitura e acontecem de forma descentralizada, em polos espalhados. Nos bairros, em toda rua tem uma fogueira, uma quadrilha, um milho assado na brasa”, explica Jorge Coelho, gerente comercial que mora em Paulista, Pernambuco. 

Jorge é especialista em festas juninas pois, além de músico, é casado com Cylene Araújo, reconhecida como a cantora das cinquenta horas de forró, e muito requisitada para shows nessa época do ano. Até o início da pandemia, junho era um mês muito agitado para a família, com apresentações por todo o Nordeste, outras regiões do Brasil e até Portugal. 

Ele explica que boa parte dos quitutes, assim como nas demais regiões, é feita de milho: “bolo, canjica, pamonha, milho assado na brasa ou cozido na casca, que é uma delícia”, completa.

Conhecido dos demais colaboradores da Porto como o vencedor do Porto Festival de 2020, Jorge ressalta o papel dos artistas na colaboração com instituições como AACD, entre outras, que reúnem muitos voluntários para arrecadar fundos. 

Conheça o forró de Cylene Araújo nessa playlist aqui, e perfume sua casa e adoce o paladar com essa receita de mungunzá com coco.

Norte: a Festa do Boi!  

Zoma Araujo, consultor de Vida e Previdência (arquivo pessoal).

Pesquisando e conversando com os entrevistados para essa matéria, o Nosso Porto fez uma grande descoberta. Na região Norte, as festas juninas aparecem com outros nomes. Um exemplo é a festa chamada Flor do Maracujá, realizada em Porto Velho (RO). Descobrimos também que no Amazonas, mais ou menos na mesma época do Dia de São João (24 de junho), acontece a Festa do Boi.

Zoma Araujo, consultor de Vida e Previdência, é apaixonado pela festa e torcedor fanático do Boi Garantido. Ele nos contou um pouco mais sobre essa celebração tão única, que toma a Ilha de Parintins. 

“São três dias de festa, sempre no último fim de semana de junho. Há voos saindo de Manaus, mas a farra mesmo é ir nos barcos, que já são separados para as torcidas dos bois Garantido (vermelho e branco) e Caprichoso (azul e branco). A festa, que é Patrimônio da Humanidade, acontece no bumbódromo, uma arena em formato de cabeça de boi. Cada Boi tem entre 3 e 4 mil brincantes. O desfile acontece como num teatro, e as alegorias são montadas na arena. Todo ano tem um tema, definido quatro meses antes numa grande festa. Os desfiles giram em torno desse tema. Ambos os Bois se apresentam nos três dias. E quando um está apresentando a torcida do outro fica em silêncio. A animação da galera é um dos itens que vale ponto na competição. É lindo demais”, empolga-se Zoma.

Em 56 anos de existência, a Festa do Boi de Parintins deixou de acontecer por dois anos, 2020 e 2021, devido a pandemia de Covid-19. Não vemos a hora da retomada!

Para entrar no clima do Boi Garantido e suas toadas, ouça essa playlist.

Eita, que só de ler já dá vontade de botar xadrez e chapéu. E ocê, conhecia toda essa riqueza cultural?
Sim, sou fã demais!
Só conhecia a do bairro
Sim, sou fã demais!
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